Setembro Amarelo: roda de conversa na base comunitária de Itinga alerta jovens para a prevenção ao suicídio

“O amparo é uma das formas de evitar o suicídio. Quando as pessoas não se sentem valorizadas e amadas, elas querem matar essa dor e não sabem como. Todo ser humano precisa se sentir amado e esclarecido sobre suas emoções”, disse Elianai Reis. O depoimento da moradora de Itinga refletiu sobre “Saúde Mental na Pandemia”, tema abordado na roda de conversa promovida pela Secretaria Municipal de Juventude (SEJU), nesta quarta-feira (15), na Base Comunitária do bairro.

Com a participação da equipe Psios Psicologia, o diálogo levado aos jovens de Itinga reforçou, dentro da campanha Setembro Amarelo, como o acolhimento é essencial para a prevenção ao suicídio. “Hoje eu aprendi muito. Todos nós somos vulneráveis, e quando não sabemos lidar com as emoções, isso pode gerar a morte. Se a mente estiver doente, o corpo todo sente. E para ajudar outras pessoas precisamos estar bem”, ponderou Elanai ao destacar ser mãe de crianças autistas e desenvolver trabalho voltado para 130 pessoas.

Para chamar a atenção do público sobre como identificar comportamentos de risco e os sinais de alerta da pessoa com intenção de suicídio, a equipe de psicologia realizou dinâmicas de observação e desenho. Segundo Vaniclea Silva, psicóloga de estratégia de saúde da família que atua na rede municipal, por dia 32 pessoas desistem de viver e tiram a própria vida.

“Uma pessoa que está pensando no suicídio, ela não quer morrer, apenas quer acabar com aquela dor. Reparem nas frases do dia a dia, como – eu quero dormir e não acordar mais -, a pessoa necessariamente não precisa falar que precisa morrer. Devemos sim observar o comportamento de cada pessoa”, exemplificou a psicóloga clínica Vaniclea sobre um sinal de alerta. Na pandemia, o comportamento suicida se agravou devido ao isolamento social e contribuiu para a diminuição do autocuidado.

Conforme as palavras da psicóloga e psicopedagoga Ana Reclé, a vida tem altos e baixos, com ou sem pandemia, e a busca de ajuda profissional é fundamental.  “Qual é a melhor forma de ajudar alguém que tem ideação suicida? Dizer que é frescura não irá ajudar. O que ajuda é o apoio, o acolhimento. É o agir que salva a vida. Devemos estar atentos aos sinais. A valorização da vida tem a ver com o que a gente tem de esperança e com os apoios que não podemos perder”, frisou.

Segundo Renildo Cabral, secretário municipal de Juventude, ainda foi discutido na roda de conversa as formas como as emoções se manifestam, e como o exercício de ouvir as pessoas é importante no desenvolvimento da empatia. “A prevenção ao suicídio é uma demanda da juventude. Levar o diálogo para perto é uma das formas de mudar essa tendência, principalmente nesse período complicado de pandemia. Esse serviço de orientação também serve para os pais e responsáveis que carecem de informações”, relatou.

Para apoio emocional e prevenção do suicídio, pessoas podem pedir ajuda através do telefone 188, do Centro de Valorização da vida. O CVV realiza atendimento voluntário e gratuito, 24 horas, para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total privacidade.

Foto: Danilo Magalhães

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