Fecomércio-BA aponta que consumo deve recuar em 0,5%

Indicador permanece praticamente estável desde maio. Inflação e desemprego são os fatores que limitam o avanço do ICF.

Em outubro, o índice de Intenção de Consumo das Famílias – ICF, elaborado mensalmente pela Fecomércio-BA, apontou leve queda de 0,5% ao passar dos 77,2 pontos em setembro para os atuais 76,8 pontos. Na comparação com igual período de 2020, há um crescimento de 13,3%, quando o ICF estava nos 67,8 pontos.

“Já é o sexto mês que o indicador fica oscilando nas casas do 75 e 77 pontos, ou seja, estagnado. E isso é decorrência do cenário econômico que prejudica o dia a dia do consumidor, com destaque para a inflação que sobe 9,54% em 12 meses, na Região Metropolitana de Salvador”, pontua o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.

E com a maior insegurança na renda, 76,2% das famílias soteropolitanas estão considerando um mau momento para compras de bens mais caros, como eletrodomésticos e eletrônicos. O item Momento para Duráveis recuou 10,2% e volta para os 44,7 pontos, item com pior avaliação do ICF no mês.

Outros fatores ajudam a reduzir a intenção de consumo de bens duráveis. Um deles é o preço dos produtos eletroeletrônicos que subiram demasiadamente por conta do dólar mais caro.

“Vários dos componentes são importados e estão em falta, prejudicando a oferta de produtos. E vale ressaltar que com os juros aumentando, ficará mais caro realizar compras financiadas e parceladas”, destaca o economista.

Os itens relacionados ao consumo, Nível de Consumo Atual e Perspectiva de Consumo recuaram -0,6% e -4,7%, respectivamente.

Como foi abordado, as famílias estão com cautela na compra de produtos financiados no médio e longo prazo, com medo do seu nível de renda e não por uma possível restrição de crédito. “Até porque, as famílias estão encontrando facilidade na contração de crédito para compras à prazo, tal como mostra o item Acesso a Crédito que ficou praticamente estável (+0,2%) e registra 98 pontos, o patamar mais alto entre os itens analisados no mês”, comenta Dietze.

Os itens Emprego Atual (87,2 pontos) e Perspectiva Profissional (64,8 pontos) subiram 3,4% e 8,2%, respectivamente.

“A diferença de pontuação, com maior patamar do item presente, pode ser explicada por menor risco de perder o atual cargo, porém, para melhorar a situação, com aumento de salário ou cargo superior, será um cenário mais difícil de acontecer nos próximos seis meses”, justifica o consultor econômico.

Pelo andar da economia, o ICF deve permanecer por um bom tempo oscilando no patamar atual, pouco abaixo dos 80 pontos. A inflação tende a continuar pressionando o orçamento das famílias, pelo menos, até meados de 2022.

“E com a taxa de juros da economia subindo, deve frear o crescimento no próximo ano. Ou seja, sem grandes perspectivas de uma possível recuperação das condições econômicas que pudesse engatar um avanço mais expressivo do indicador de intenção de consumo”, prevê o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.

Foto: Noel Tavares

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