Se depender da vontade de Leão município de Barra pode virar polo cacaueiro

A visita de técnicos da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) à região Oeste da Bahia pode gerar estranheza e não menos estranha, pode parecer, a possibilidade da instituição implantar uma unidade  experimental para avaliação de clones de cacau em pleno Cerrado. Mas foi justamente a análise desta possibilidade que levou técnicos do órgão a visitarem a Fazenda Escola Modelo, em implantação no município de Barra, nesta quarta-feira (08), a convite do vice-governador João Leão, secretário do Planejamento. A comitiva do Governo do Estado com gestores da Ceplac está na região desde o início da semana.

Leão falou sobre a importância da integração com o setor técnico para o sucesso para a criação de um novo polo de desenvolvimento no médio São Francisco. “Acreditamos muito no potencial desta região e acreditamos que esta é a nova fronteira agrícola da Bahia, mas no processo de transformar o Médio São Francisco em um novo polo de desenvolvimento, a participação do setor técnico é imprescindível, a exemplo da Ufob e da Ceplac, que também demonstra interesse em trabalhar conosco.”

O chefe de Pesquisa da Ceplac, Paulo Marrocos, que já conheceu iniciativas produtivas durante a missão, destacou o nível de organização dos produtores e o potencial da região. “De todas as regiões que visitei, que tenho experiência com o cacau, o Oeste da Bahia é uma das mais organizadas em termos de se conseguir fazer isso em um espaço curto de tempo. Já existem áreas plantadas, ou seja, a experiência do cultivo já é bem sucedida. Do ponto de vista técnico, não há dúvida de que isso funcione, restando apenas alguns estudos na parte econômica, mas creio que isso é só uma questão de tempo”.

Marrocos também avaliou a viabilidade da cultura, especificamente em Barra. “Tem que ser instalado um projeto piloto, uma avaliação de cultivares para perceber quais são as melhores, realizar uma seleção e descobrir quais delas são as melhores para este ambiente”, afirmou. Marrocos foi otimista ainda quanto à produtividade: “O cacau brasileiro tem uma deficiência de 70 a 90 mil toneladas anuais. Se essa região se instala, podemos chegar a autossuficiência em um período curto de tempo e isso é bom para o Brasil e para o desenvolvimento regional”, avaliou.

Cenário

Destaque na produção de grãos, a região Oeste do estado já conta com algumas iniciativas que apostam na produção de cacau irrigado. O projeto Bio Brasil, visitado pela comitiva na última terça-feira (07), é uma delas, iniciada há dois anos, com pesquisa e desenvolvimento de cacau em viveiro na Fazenda Solaris, município de Riachão das Neves. Outro exemplo é o grupo Santa Colombo, que investe na produção de cacau no município de Cocos.

O Brasil é o sétimo produtor mundial de cacau. De acordo com dados do IBGE, a safra de 2020 atingiu 269 mil toneladas (t). A Bahia é o segundo produtor da cultura no país com 107 mil toneladas, em 2020.

Fazenda Escola

A Fazenda Escola servirá como suporte de formação e capacitação profissional e de experiências para o Polo Agroindustrial e Bioenergético do Médio São Francisco, um complexo agroindustrial em processo de implantação na região baiana do Médio São Francisco, sob a coordenação da Secretaria do Planejamento da Bahia (Seplan), no âmbito da Agenda de Desenvolvimento Territorial (AG-Ter). A unidade, que contará com projetos experimentais de diversas culturas como mamão, cacau, banana, manga e uva, poderá contar com mais um voltado a cacauicultura.

A unidade vai desenvolver técnicas agropecuárias irrigadas, de sequeiro e agroindustriais dentro Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) Águas, no município de Barra. Para isto, conta com a gestão da Cooperativa Agropecuária da Barra (COOPAB), com a Cooperação Técnica entre SDE, SEAGRI, SEC e SDR, e com apoio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e das universidades do Sudoeste da Bahia (Ufob) e do Vale do São Francisco (Univasf), além de empresas privadas.

Ascom/Seplan

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