Até março deste ano, a previsão é que chova 30% a mais do que o esperado em Salvador. No início desta semana, os maiores acumulados foram registrados nos bairros de Plataforma, Praia Grande e Paripe. Nessas três áreas, a Companhia de Desenvolvimento Urbano (Conder), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado (Sedur), já investiu cerca de R$ 16 milhões em obras de contenção de encostas, levando tranquilidade para mais de 18 mil famílias, que podem dormir mais sossegadas sem risco de deslizamento de terra e desabamento de suas moradias.
A iniciativa integra o Programa Estadual de Prevenção de Desastres Naturais, em que a Conder atua na realização de estabilização de encostas em áreas de risco alto e muito alto e também em serviços de macrodrenagem. “Do total de 116 áreas mapeadas, já concluímos a contenção de 79 pontos em Salvador, utilizando técnicas definitivas que garantem a segurança para as famílias que vivem nas regiões mais afetadas, que estão localizadas no miolo da cidade e no Subúrbio Ferroviário de Salvador”, esclarece o gestor da Diretoria de Habitação e Urbanização Integrada da Conder, Maurício Mathias.
Em Praia Grande, por exemplo, mais de 12 mil famílias foram beneficiadas com os serviços que impedem o deslizamento de terra e desabamento de imóveis em cinco áreas: Segunda Travessa da Inglaterra, Rua Nova Aliança, Segunda Avenida da Prefeitura e nas ruas do Voltz e Amazonas.
Para a empregada doméstica Dalva Cunha Moura, moradora da Rua Amazonas, hoje, a chuva não causa mais medo nem insegurança. Ela lembra do susto, quando em 2017, o imóvel de um vizinho desabou ao lado da sua casa. “A região do Subúrbio Ferroviário tem sido beneficiada com o programa de contenção de encosta. A gente passa e vê muitos pontos com obra já concluída ou em andamento. A realidade é outra”, comemora.
“Procuramos incluir também serviços que visam à melhoria da drenagem de águas pluviais, acessibilidade e segurança dos moradores, como a implantação de muretas, escadarias e guarda-corpo, além de canaletas e valetas que são fundamentais em períodos de chuvas intensas”, explica Mathias.
Técnicas utilizadas
O tipo de técnica escolhida é definido com base no estudo do solo e da topografia característica de cada encosta e da sua extensão. As intervenções utilizam, principalmente em áreas extensas, a tecnologia conhecida como solo grampeado, com a instalação de grampos, aplicação de concreto e realização da drenagem, como ocorreu na Rua Amazonas, em Praia Grande, com a entrega da obra em abril de 2021.
Mas existem outras soluções definitivas, como a cortina atirantada, que tem grande aplicabilidade e consiste numa placa de contenção suportada por tirantes ancorados no maciço. É utilizada também a alvenaria de pedra e o retaludamento com cobertura vegetal.
Em alguns casos, numa mesma contenção, são utilizadas mais de uma técnica, como ocorreu na encosta da Rua do Voltz, também em Praia Grande. Para garantir a segurança dos moradores, após estudos, foi realizada a contenção utilizando a técnica de solo grampeado, bem como talude com revestimento vegetal. A obra nesta rua foi finalizada em setembro de 2020.
Investimento
Inicialmente, foram garantidos valores na ordem de R$ 156 milhões para 98 pontos da capital baiana. Contudo, o Governo do Estado estendeu os benefícios para mais outros 21 locais vulneráveis, sendo 3 em Candeias e mais 18 pontos de Salvador, onde há registros de ocorrências de deslizamentos de terra ou está sendo executado projeto de urbanização integrada, que inclui serviços de estabilização. Com esse acréscimo na quantidade de locais a serem beneficiados, foram captados mais R$ 56 milhões em recursos, totalizando mais de R$ 200 milhões de recursos.
Apoio
Um diferencial das obras de contenção realizadas pela Conder é o acompanhamento prestado pelo serviço social. Em cada obra, há uma equipe do Social atuando para cadastrar as famílias, acompanhar a execução dos serviços, esclarecendo dúvidas, realizando atividades socioeducativas, oferecendo cursos para geração de emprego e renda, além de estar sempre informando cada passo do projeto e verificando a necessidade ou não da transferência temporária de algum morador.
Foto: Camila Souza/GOVBA