*Robinson Almeida*
Em tempos digitais, cartas não adiantam mais. Vamos, então, de Post aberto.
*Meu companheiro Wagner,*
Estou no PT desde os 18 anos. Passei em núcleo de base, dirigente Zonal, municipal, estadual e estou dirigente nacional. A seu convite, fui secretário de comunicação e também atuei no governo da presidente Dilma. Fui deputado federal e sou deputado estadual.
Sempre me considero um militante socialista. Conheço outros milhares, em tarefas e posições diferentes. Nem melhor, nem pior. Iguais. Daqui que falo.
A militância é a alma de um partido de esquerda. Adesão espontânea de homens e mulheres a uma causa. Uma ideologia. Uma razão pra viver, como cantou o poeta.
A prática democrática é a garantia da igualdade entre iguais. Nas grandes tarefas para um, a decisão é de todos e todas. Nas grandes tarefas pra todos, a decisão continua da mesma forma. Coletiva. Essa é a liga no PT. Cola teoria e prática. Eleva o militante a sujeito político.
Vejo o PT, a esquerda socialista e democrática, como herdeiros das lutas da nossa gente: revoltas, insurreições, 2 de Julho, Arraial de Canudos, greves, ocupações e tudo que foi e é feito e tentado pelo povo baiano pra se libertar da escravidão, da opressão e da exploração.
*Amigo Wagner,*
Foi de batalha em batalha, travada em cada geração, protagonizadas por índios, escravos, caboclos, sertanejos, trabalhadores e trabalhadoras que o bastão da luta de classes chegou em nossas mãos. Nelas, temos de seguir em frente. É o motor da história, companheiro.
No nosso tempo, a luta passa por reformar o aparelho de Estado. Jogar na democracia ameaçada pela classe dominante. Disputar, ganhar eleições e, nos governos, promover mudanças e transformações. Incluir os pobres no orçamento público e fazer mais pra quem mais precisa.
Mais ousados, governos de esquerda permeabilizam o Estado com participação popular. Criam políticas públicas e leis pra promover direitos fundamentais: comer, estudar, cuidar da saúde, ter casa, água e luz. Combatem preconceitos contra negros, mulheres, idosos e LGBTQIA+. Sabemos que tudo isso não basta.
O partido opera nas duas frentes de busca de poder pra classe trabalhadora: dentro do estado e na sociedade com os movimentos sociais. E nessa combinação de lutas e transformações permanentes que idealizamos a Revolução Democrática.
É isso que estamos fazendo na Bahia nos últimos 15 anos e fizemos com Lula e Dilma até que o golpe das elites barrou o governo popular. Aqui não teve golpe. Os derrotamos. Continuamos hegemônicos. Bem avaliados pelo povo.
*Governador Wagner,*
Está em debate a desistência do comando de uma estrutura de poder, conquistada com suor, sangue e vidas de milhões que ousaram lutar por uma Bahia de livre de tiranos.
Poder não se entrega. Ele não é de uma pessoa, de um partido. É um ativo da classe trabalhadora e de todos os agentes das lutas identitárias, como herança ancestral dos que lutaram antes de nós.
Sei, amigo e meu companheiro Wagner das suas dificuldades. O entendo. Você sempre quis renovação pra nossa luta não parar nunca. Não preparamos. Paciência. Temos que aprender com os erros e acertar no futuro.
A sua liderança continua indispensável pra Bahia. O nosso povo precisa de você, junto com Lula, reconstruindo o Brasil e arrastando a nossa Bahia rumo a prosperidade.
*Meu irmão Wagner,*
Depois de ter derrotado a oligarquia mais truculenta e reacionária da Bahia, de forma espetacular e surpreendente; ter sido eleito, reeleito e feito seu sucessor em primeiro turno; depois de realizar dois governos extraordinários, vc já está na galeria dos mais notáveis políticos da Bahia do século XXI.
Vc é querido pelos seus aliados e respeitado pelos seus adversários. Amado pelo nosso povo. Não é exagero. Agora, senador que orgulha a Bahia, e um dos líderes mais importantes do Brasil.
Aos 70 anos, você poderia filtrar suas batalhas. Todo guerreiro merece redimensionar suas guerras. Mas a vida é tinhosa em colocar novas utopias no horizonte.
Wagner, vc encarna esse espírito de futuro que vence o autoritarismo, o fascismo e a velha política, travestida de novo. Agrega, une diferentes e encanta uma eleição como poucos sabem fazer.
Alguns líderes populares se tornam sujeitos coletivos. Pelo carisma, viram depositários de vontades e desejos de seus seguidores. Lula é o melhor exemplo. Mas essa definição também cabe pra vc, Wagner. É a história que coloca alguns personagens políticos neste lugar.
E aqui chego no momento decisivo do meu post. Wagner, querido irmão, amigo e companheiro, vc está sendo empurrado pela história para ser candidato a governador. A continuidade da luta do nosso time, atual e pretérito, te coloca essa responsabilidade de liderar e não deixar mudar de lado o bastão da luta de classe.
O seu lugar na história da Bahia ainda não está completamente definido. Depende dos acontecimentos futuros. Torço e lutarei, ao lado de milhões que te apoiam, para que vc seja lembrado como uma das maiores figuras públicas da política baiana de todos os tempos.
Vamos escrever com a militância, os partidos aliados, nosso governador Rui e o presidente Lula mais esse capítulo. A Bahia de Todos Nós espera seu comandante de volta!
*Robinson Almeida*, *Deputado Estadual (PT)*
*Ex-Secretário de Comunicação*
Foto: divulgação