Foi lançado em cerimônia realizada na sede da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri), em Salvador, o Programa Mais Dignidade no Campo, que tem como objetivo a instalação de mil módulos sanitários sustentáveis em várias comunidades do semiárido baiano, em período de cinco anos, capacitando cerca de oito mil pessoas para sua utilização e manutenção.
Na primeira etapa, que agora é iniciada, estão sendo implantados cerca de 70 equipamentos completos que contemplam pessoas como o senhor Luiz Souza da Costa, 74 anos, morador da comunidade de Macambira, na cidade de Casa Nova. Presente à cerimônia de lançamento, ele contou que nunca teve um banheiro em sua casa e que a instalação do equipamento vem mudando para melhor sua vida. “É uma mudança muito grande, e para melhor”, comentou o agricultor.
A tecnologia dos chamados sanitários secos solares permite o adequado descarte dos dejetos humanos sem materiais auxiliares (químicos), sem a necessidade de utilização de água e energia elétrica, sem a produção de odores indesejáveis e produzindo adubo higiênico e armazenável, gerando renda local.
“Esse programa é de grande simbologia, pois trata do campo para além da sua produção ou produtividade, destacando o aspecto humano. Ao se ver o campo como lugar de desenvolvimento, que é a nossa busca, temos também que pensá-lo sob aspectos como o ecológico e o da sustentabilidade, além do cuidado com a saúde de quem vive e trabalha nas áreas rurais”, disse o secretário da Agricultura da Bahia, João Carlos Oliveira.
Em Casa Nova foram implantadas 24 unidades dos módulos sanitários sustentáveis, em um projeto piloto que é resultado de parceria entre a prefeitura municipal, a Fundação Luís Eduardo Magalhães (Flem), a Companhia de Ação Regional (Car), a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri) e as empresas parceiras (a baiana JCR Gestão e Projetos Técnicos e a alemã 3P Technik Filtersysteme GmbH).
“Através da Flem, já temos os indicativos que foram recolhidos e sistematizados a partir do projeto piloto, que é desenvolvido em Casa Nova. Estamos enfrentando esse grande desafio do semiárido, que é a escassez de água, com pesquisa e tecnologia. Este projeto leva mais dignidade às famílias atendidas e para isso lança mão de uma solução tecnológica ousada e inovadora que utiliza os elementos que o semiárido tem em abundância, como sol e vento, e poupa a água, que é tão preciosa nesse clima”, diz o chefe de gabinete da Seagri, Alisson Gonçalves.
O projeto em Casa Nova foi o pontapé inicial para um programa que pretende levar outras centenas desses equipamentos a diversos municípios baianos, notadamente aqueles com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo, priorizando assentamentos, quilombolas e povoados, onde exista ausência ou escassez de água e saneamento.
“É algo revolucionário, inovador, que vai atender às comunidades mais carentes do sertão, do semiárido nordestino, onde falta água, inclusive para ter um sanitário dentro de casa, para ter dignidade, para ir ao banheiro com tranquilidade. É um programa de fundamental importância e por isso realizamos essa parceria com a Secretaria de Agricultura da Bahia”, explica o diretor-presidente da Flem, Rodrigo Hita
Os módulos apresentam diversas vantagens, em uso em áreas de condições específicas, notadamente aquelas com baixa oferta de água. Sua utilização resulta em maior segurança hídrica e sustentabilidade, eliminando a utilização de água para uso sanitário. Com isso, há maiores prevenção e controle das doenças oriundas do saneamento básico inadequado, promovendo melhor qualidade de vida para a população do campo.
“Essa iniciativa vem modificando a qualidade de vida das famílias contempladas, em nossa comunidade. Vem trazendo mais dignidade às pessoas, qualidade de vida, segurança e saúde. Esperamos que novas unidades possam ser implantadas não só em nossa comunidade, como em toda Casa Nova e também em outros lugares da Bahia”, comentou Cosme Coelho, líder comunitário de Macambira.
Dos equipamentos implantados em Casa Nova, 23 são unidades do modelo familiar e todas estão instaladas no povoado de Macambira. Uma outra unidade é do modelo escolar e fica no povoado de Barrocas. O modelo escolar, aliás, foi instalado pela primeira vez no mundo, portanto, sua experiência fora dos testes de fábrica está ocorrendo nesse projeto piloto.
“É um projeto que dá dignidade à pessoa do campo, especialmente na questão sanitária. A Seplan precisa se envolver mais nesses projetos para consignar todo o apoio do ponto de vista do Planejamento, em relação a orçamento. Vou conversar com os técnicos para abraçarem o projeto e inseri-lo no plano plurianual, aumentando a quantidade de recursos para a ampliar as metas a serem obtidas”, comentou o secretário interino do Planejamento, Cláudio Peixoto.
Foto: divulgação/GovBa