Na manhã desta quarta (11), a deputada estadual Ludmilla Fiscina (PV) reuniu grandes nomes da saúde mental para debater sobre o tema, durante audiência pública proposta pela parlamentar na Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), da qual faz parte.
“Esse é um tema importantíssimo, um ponto chave para outras discussões, então diante disso, hoje debatemos três eixos para fazermos os devidos encaminhamentos. Para isso, convidamos pessoas que estão diretamente na ponta, grandes profissionais que já trabalham na área, como psicólogos, psiquiatras, da área da educação e da assistência social, para fazermos parcerias entre municípios e estado e assim avançarmos com políticas públicas em prol da sociedade”, explicou Fiscina.
Um dos palestrantes do primeiro eixo, o professor Moacir Lira, pós-doutor em Políticas Públicas e Segurança, abordou a questão da superlotação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). “Precisamos melhorar a atenção básica para diminuir as internações, potencializar e qualificar as equipes com apoio matricial, ao lado da educação permanente”, destacou o professor.
Por sua vez, a médica psiquiatra Ana Pitta falou da necessidade de mais investimentos na área, uma vez que a Bahia representa o 7º Produto Interno Bruto (PIB) do país. “Temos condições de ter equipe de saúde mental em todas as unidades básicas de saúde e unidades de saúde da família, para cuidarmos de autistas, de idosos que envelhecem e deprimem, de população indígena, que está tendo problemas com álcool, enfim, montar uma rede orquestrada que atenda a todas as demandas de saúde mental”, disse Pitta, que é pós-doutora em Epidemiologia e Psiquiatria Social, em Avaliação de Práticas, Programas e Serviços de Saúde Mental e em Administração e Políticas de Saúde.
Já a psicóloga Ana Brandino, pós-doutora em Epidemiologia Psiquiátrica, falou de saúde mental na maternidade. “A maternidade envolve muito amor e também muita dor. Estamos perdendo nossas mulheres, nossas mães, pois elas estão sendo tratadas com elevado nível de exigência e com isso sentimentos de auto reprovação, insuficiência e culpa. Até quando toda sobrecarga do trabalho de cuidado recairá sobre elas?”, questionou Brandino.
No segundo eixo, a diretora de Gestão do Cuidado da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Liliane Silveira, representando a titular da pasta, Roberta Santana, falou sobre a lei vigente da reforma psiquiátrica e sobre a necessidade do cuidado a partir da atenção primária à saúde. “O desafio é grande, tripartite. Precisamos fazer mais”, disse. Em sua fala, a secretária de Saúde de Alagoinhas, Laína Lobo, reconheceu que a saúde mental é uma outra pandemia e que o momento pede socorro. “A saúde mental está gritando socorro, seja na maternidade, nas crianças, nos idosos. Precisamos qualificar e sensibilizar os profissionais, pois o indivíduo não é um CID”, ressaltou.
O segundo eixo também contou com a palestra de Raul Molina, médico sanitarista, vice-presidente do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems Bahia). “A saúde mental foi agredida, atacada nos últimos anos, tirando pilares fundamentais do que compõe o SUS. Tudo acontece de baixo para cima, por isso, abraçamos a proposta da regionalização”, disse. Fechando a segunda etapa do debate, a farmacêutica clínica Solange Filha falou sobre o funcionamento do Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira.
Representando a secretária da Educação do Estado, a professora Marlene Cardoso, coordenadora da Educação Especial, concordou com os demais palestrantes que as políticas públicas nessa área precisam vir de baixo para cima, a começar pela educação. “Essa é uma pauta que está na mesa do governador”, disse.
Para finalizar, a deputada Ludmilla Fiscina destacou a importância de se descentralizar essas discussões através de uma comissão itinerante, com ações regionais envolvendo prefeitos, vereadores e toda a comunidade interessada, e vai dar prosseguimento aos encaminhamentos discutidos na audiência, como a sugestão de implementação de um Centro de Referência Estadual para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (CRE-TEA), em Alagoinhas, além de um CAPS Regional, um CAPS AD (álcool e drogas) e um CAPS IA (infância e adolescência). Aproveitando a participação de salva-vidas de Salvador no encontro, Fiscina também irá acolher a sugestão de se oferecer tratamento psicológico a esses profissionais.
Também participaram da audiência a enfermeira e socióloga Emília Libório; a pedagoga Ivone Carneiro; a psiquiatra Simone dos Anjos; a psicóloga Talita Leila; a ex-diretora penal do Conjunto Penal Feminino, Luz Marina; a defensora pública Andrea Tourinho; políticos e lideranças do interior, representantes de movimentos sociais, como Bárbara Trindade; Fabiana Borges, do Movimento de Luta da Pessoa com Deficiência; além de Maria Figueiredo, do Grupo Beija-Flor, entre outros.
Entre os deputados integrantes da Comissão de Saúde e Saneamento, marcaram presença Alex da Piatã (PSD), Jordávio Ramos (PSDB), Hassan (PP), José de Arimatéria (Repub) e Luciano Araújo (SD).
Ascom: deputada Ludmilla
Foto: Aluísio Neto (Ascom/Deputada)