Um grupo de mulheres da Cidade Baixa participou nesta terça-feira (19) de uma oficina de tranças nagô, realizada na Biblioteca Edgard Santos, na Ribeira. O encontro, chamado de “Arte do Orí – Uma vivência acerca do Patrimônio Cultural Imaterial”, teve como objetivo proporcionar às jovens uma vivência acerca dessa tradição de fazer tranças, além de dinamizar o uso da biblioteca, aproximando o equipamento da comunidade.
Tainá Costa Santos, 27 anos, aproveitou para aprender os trançados para cuidar da estética no dia a dia. “Achei a oficina maravilhosa. Para mim, tudo foi novidade e achei muito interessante a forma como o cabelo é separado para fazer as tranças. É uma arte e, como foi falado aqui, também é uma terapia. Vim aprender porque tenho dificuldade de arrumar meu cabelo black power no dia a dia e resolvi fazer tranças para ficar mais prático e ajudar na minha autoestima”, compartilhou.
A palestrante, Luci Mara Santos, foi responsável por ensinar ao público presente sobre a origem das tranças nagô e as aplicações dela na história que eram usadas para destacar condições sociais, problemas físicos ou psíquicos, e determinar até mesmo a hierarquia familiar.
Luci Mara afirmou que é preciso trabalhar mais esse conhecimento para fortalecer esse traço cultural. “O interessante é a gente manter essa tradição para que ela não morra nunca e dure até a eternidade. A biblioteca proporcionou essa interação para a comunidade e foi um trabalho muito bom. Ainda temos esse conhecimento graças às religiões de matriz africana e precisamos propagar”, contou.
Houve também uma parte prática, lecionada pela trancista da comunidade, Ana Paula, que ensinou diversas técnicas para desenvolver as tranças, além de cuidados que se devem ter ao realizar os penteados.
A oficina foi promovida pela Gerência de Bibliotecas da Fundação Gregório de Mattos (FGM) e integra a estratégia de promoção de políticas públicas de incentivo à leitura através de diversas ações sócio educativas.
De acordo com o bibliotecário responsável pelo equipamento, Paulo Brito, a biblioteca é um espaço vivo e é importante que seja vista como um espaço aberto às demandas da comunidade. “São ações que ajudam a comunidade a ter uma fonte de renda. Além disso, movimentam a comunidade porque o espaço não é só para livros. É um espaço para compartilhar conhecimentos. Com essa oficina, a gente também incentiva os soteropolitanos a frequentar a biblioteca”, contou.
Até o mês que vem, serão ministradas oito oficinas. As atividades ainda vão passar pelas bibliotecas municipais Denise Tavares, na Liberdade, e Nair Goulart, em Valéria. Serão sempre palestrantes da comunidade e vagas para 20 participantes. Como ponto de culminância do projeto, haverá uma apresentação de seis trabalhos das instrutoras no dia 22 de novembro, em horário e local a definir.
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Foto: Jefferson Peixoto / Secom PMS