Nesta sexta-feira (17) é celebrado o Dia Nacional de Combate à Tuberculose. Em Salvador, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) promove durante todo o ano o Programa de Controle da Tuberculose, voltado para a prevenção, diagnóstico precoce, tratamento adequado e acompanhamento dos casos de tuberculose na cidade, em 143 postos de saúde distribuídos nos 12 Distritos Sanitários da capital baiana.
O programa tem como objetivo principal reduzir a incidência da tuberculose, melhorar a qualidade do diagnóstico e tratamento e diminuir a mortalidade associada à doença. Para isso, são desenvolvidas ações em diferentes áreas, como a vigilância epidemiológica, a educação em saúde, a capacitação dos profissionais de saúde e a oferta de serviços especializados. Até outubro de 2023, dos casos de tuberculose com comprovação laboratorial diagnosticados na coorte de 2022 (janeiro a dezembro 2022), o município apresentou 48,1% de cura.
A vice-prefeita e titular da SMS, Ana Paula Matos, enfatiza que uma ação importante do programa é a educação em saúde na rotina dos serviços e espaços comunitários. “Com o objetivo de informar a população sobre a tuberculose, seus sintomas, formas de transmissão e prevenção, são realizadas campanhas de sensibilização, palestras, distribuição de materiais educativos e orientações para a população em geral, além de ações específicas para grupos de maior vulnerabilidade, como pessoas em situação de rua, usuários de drogas e pessoas vivendo com HIV/AIDS”, destaca.
A chefe de Linhas de Cuidado da SMS, Ivna Cavalcante, explica que uma das estratégias adotadas pelo programa é a busca ativa de casos de tuberculose. Para isso, é realizada a identificação precoce de pessoas com sintomas da doença (como tosse persistente, febre, sudorese noturna, perda de peso e fraqueza), capacitação dos profissionais de saúde (para a identificação dos sintomas), realização de exames de diagnóstico (como Teste Rápido Molecular, baciloscopia e cultura de escarro) e oferta de tratamento adequado.
O tratamento da tuberculose é realizado com a administração de medicamentos específicos, como a rifampicina, a isoniazida, a pirazinamida e a etambutol. “É um tratamento gratuito dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), seguindo as diretrizes do Ministério da Saúde. É fundamental que o tratamento seja realizado de forma adequada e completa, geralmente com duração de seis meses, para garantir a cura da doença e evitar o desenvolvimento de resistência aos medicamentos”, complementa.
Doença – A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas. É causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch (em homenagem ao Dr. Robert Koch, descobridor da causa da doença).
Apesar de ser antiga, a tuberculose continua sendo um importante problema de saúde pública, prevalecendo em condições de pobreza e contribuindo para a perpetuação da desigualdade social. No mundo, a cada ano, cerca de 10 milhões de pessoas adoecem por tuberculose.
A doença é responsável por uma morte a cada 21 segundos, o que equivale a mais de um milhão de óbitos anuais (BRASIL, 2021). No Brasil, são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e ocorrem cerca de 4,5 mil mortes em decorrência da tuberculose, anualmente (BRASIL, 2021).
Transmissão – A transmissão é direta, de pessoa a pessoa – ao falar, espirrar ou tossir, o doente expele pequenas gotas de saliva que contêm o agente infeccioso e podem ser aspiradas por outro indivíduo, contaminando-o. Má alimentação, falta de higiene, tabagismo, alcoolismo, uso de drogas ilícitas ou qualquer outro fator que gere baixa resistência orgânica, também favorecem o estabelecimento da doença.
Além dos fatores relacionados ao sistema imunológico de cada pessoa e à exposição ao bacilo, o adoecimento por tuberculose, muitas vezes, está ligado às condições precárias de vida. Assim, alguns grupos populacionais podem apresentar situações de maior vulnerabilidade. Por exemplo, os indígenas possuem três vezes mais risco de adoecer pela doença. No caso das pessoas privadas de liberdade, o risco é 26 vezes maior, pessoas que vivem com HIV/Aids: 21 vezes mais e pessoas em situação de rua, 56 vezes mais risco de adoecer pela doença.
Sintomas – Algumas pessoas não exibem nenhum indício da doença, outras apresentam sintomas aparentemente simples que são ignorados durante alguns meses (ou anos). Contudo, a maioria dos sinais e sintomas mais frequentemente descritos são a tosse seca contínua no início, depois com presença de secreção por mais de quatro semanas, transformando-se, na maioria das vezes, em uma tosse com pus ou sangue; cansaço excessivo; febre baixa, geralmente, à tarde; sudorese noturna; falta de apetite; palidez; emagrecimento acentuado; rouquidão; fraqueza e prostração.
Os casos graves apresentam dificuldade na respiração, eliminação de grande quantidade de sangue, colapso do pulmão e acúmulo de pus na pleura (membrana que reveste o pulmão) – se houver comprometimento dessa membrana, pode ocorrer dor torácica.
Tratamento – O tratamento da tuberculose é à base de antibióticos, dura no mínimo seis meses, é gratuito e está disponível no SUS. Logo nas primeiras semanas de terapia, o paciente já se sente melhor e tende a interromper ou alterar a tomada dos remédios, o que pode complicar a doença e resultar no desenvolvimento de tuberculose resistente aos medicamentos, daí a importância de que os pacientes sejam orientados, de forma clara, quanto às características da doença e do tratamento (duração e esquema do tratamento, recomendações sobre a utilização dos medicamentos, eventos adversos).
Com o início da terapia, a transmissibilidade tende a diminuir gradativamente e, em geral, após 15 dias, o risco de transmissão da doença é bastante reduzido. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o tratamento supervisionado, uma estratégia importante no controle da doença, disponível em todo o Brasil pelo SUS.
Prevenção – A vacina BCG (bacilo Calmette-Guérin) protege a criança das formas mais graves da doença e está disponível nas salas de vacinação das unidades básicas de saúde e em algumas maternidades. Essa vacina deve ser ministrada às crianças ao nascer, ou, no máximo, até os quatro anos, 11 meses e 29 dias. Ainda como medida preventiva, é necessário avaliar familiares e outros contatos do paciente para que não desenvolvam a forma ativa da tuberculose.
Secom: PMS
Foto: Noel Tavares