Conscientizar homens sobre a importância de respeitar os direitos das mulheres, garantindo-lhes o direito a uma vida sem violência e promovendo a cultura de paz no lar e na sociedade. Com esse objetivo, o Núcleo de Enfrentamento e Prevenção ao Feminicídio (NEF) da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Infância e Juventude (SMPJ) promoveu a 2ª edição do “Dia do Laço Branco”, no Ministério Público da Bahia (MP-BA), em Nazaré, nesta sexta-feira (6), data em que é lembrado o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, instituído pela Lei 11.489/2007.
Os participantes lotaram o auditório para acessar a programação que contemplou palestras, depoimentos e pronunciamentos de autoridades públicas que integram a rede de combate à violência. Todos os participantes receberam o Laço Branco, em modelo da “fitinha do Senhor do Bonfim” que foi entregue no evento, com os dizeres “Homens pelo fim da violência contra a mulher”. Como parte da campanha, eles foram orientados a amarrar a fita no pulso, simbolizando dois compromissos pessoais: jamais cometer um ato violento contra as mulheres e não fechar os olhos frente a essa violência.
Ao se pronunciar na abertura do evento, a secretária da SPMJ, Fernanda Lordêlo, destacou a importância da promoção e do fortalecimento das ações diárias de prevenção e combate. “A gente faz isso o ano inteiro, mas é fundamental estar aqui, hoje, junto com essas instituições falando sobre esse tema. Estamos muito felizes nessa segunda edição do Laço Branco, sempre reforçando a perspectiva da discussão com os homens autores de violência”, disse.
Resultados – A gestora também pontuou a grandiosidade do trabalho realizado pelo NEF, instituição municipal ligada à SPMJ que atende homens autores de violência. Dos mais de 400 homens que passaram pela unidade desde 2021, apenas dois voltaram a praticar as agressões. “O índice sinaliza que esse movimento propositivo está nos dando resultado. Estamos buscando outras formas para implantar outras políticas públicas que fortaleçam essa temática”, frisou Fernanda.
A secretária explicou que o Núcleo recebe homens praticantes de violência, encaminhados pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). “Através desses grupos reflexivos que duram em torno de um ano e meio, eles são acompanhados por nossa equipe multidisciplinar. Depois disso, seguem a vida com a perspectiva de não cometer mais a violência”, explicou.
Presidente do Projeto 1+1 é sempre mais que Dois, Bárbara Trindade, fez questão de destacar a luta diária no combate à violência contra mulher. “Estamos hoje aqui falando do que a gente faz todos os dias, pois a luta ocorre nos 365 dias do ano. É sábado, domingo e feriado. Temos que falar desse tema todos os dias e nós, como sociedade civil, precisamos integrar esse debate e fortalecer essa rede”, destacou.
A violência praticada contra mulher no ambiente intrafamiliar foi abordada pela Defensora Pública da Bahia, Eveline Portela. “A violência tem muitos aspectos, a começar pela inferiorização dessa mulher, que vem de geração para geração, sempre diminuindo a figura feminina. A cultura dentro da família é repetida e naturalizada. Precisamos falar disso e também das crianças e adolescentes que são as que mais sofrem nesse contexto de violência”, considerou.
Após as falas das autoridades, os homens assistiram uma palestra proferida pelo professor Anderson Eduardo Carvalho de Oliveira, pós-doutor pela Escola de Serviço Social e Criminologia da Universidade Laval, Québec/Canadá. O especialista desenvolveu pesquisas e estudos comparativos em torno da questão da violência doméstica e a participação dos homens em grupos reflexivos no Brasil e no Canadá.
Secom: PMS
Foto: Bruno Concha/Secom PMS