Economia baiana deve ser impulsionada com o novo salário mínimo

Contudo, aumento de juros diminuirá esse potencial de gastos das famílias.

O ano de 2025 começa com a entrada em vigor do novo valor do salário-mínimo, fixado em R$ 1.518, o que representa um aumento de 7,5% em relação ao valor anterior. Esse reajuste foi calculado com base na inflação medida pelo INPC (4,84%), acrescida de 2,5%, conforme a política de valorização do salário-mínimo. Com isso, o novo valor garante um ganho real para os trabalhadores assalariados e beneficiários de programas como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), a Previdência Social, entre outros.

Embora o aumento individual de R$ 106 possa parecer modesto à primeira vista, é importante destacar o impacto significativo que ele gera quando considerado em escala nacional. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), cerca de 60 milhões de pessoas serão diretamente beneficiadas pelo reajuste, resultando em um acréscimo de R$ 6,35 bilhões mensais na economia. No contexto da Bahia, a Fecomércio BA projeta que o impacto será de cerca de R$ 273 milhões adicionais por mês, evidenciando a relevância desse ajuste para o fortalecimento da economia local e nacional.

O presidente do Sistema Comércio BA, Kelsor Fernandes, observa que, caso todo o montante adicional fosse direcionado ao varejo, representaria, em média, 1,5% do faturamento total do setor no estado, conforme cálculos da Fecomércio BA. “Embora essa não seja a realidade integral, é esperado que o comércio receba uma parcela significativa desses recursos, especialmente considerando o aumento nos preços dos alimentos, como a carne, que têm imposto desafios às famílias”, explica o presidente.

Devido à baixa propensão à poupança, esses recursos adicionais devem estimular a atividade econômica no estado, especialmente por meio do aumento das compras no comércio, no setor de serviços e no pagamento de dívidas em atraso. No entanto, um fator importante pode limitar esse estímulo ao consumo: o aumento da taxa básica de juros, projetado para atingir 14,25% ao ano em março. Essa elevação encarece o crédito, reduzindo a quantidade de recursos disponíveis para o consumo, já que uma parcela maior da renda será destinada ao pagamento de juros.

As famílias de baixa renda, em especial, enfrentam dificuldades para realizar compras à vista, dependendo do crédito para viabilizar parcelamentos. Seja por meio de cartões de crédito, empréstimos pessoais, consignados ou carnês, o custo do crédito aumentará, exigindo um esforço financeiro adicional por parte dos consumidores.

“A Fecomércio BA manifesta preocupação quanto aos impactos do aumento da SELIC na economia local. A política monetária restritiva, utilizada para conter a inflação, tem sido aplicada de forma intensa, enquanto não se observa, na mesma medida, ações para mitigar o déficit nas contas públicas, que é a principal raiz do problema”, destaca o consultor econômico da Fecomércio BA, Guilherme Dietze.

Dessa forma, é importante celebrar os avanços proporcionados pela política de valorização do salário-mínimo e reconhecer seu impacto positivo na economia local. Contudo, é necessário considerar que o efeito benéfico será, infelizmente, mitigado pelo ciclo de elevação dos juros, que não apenas dificulta o consumo das famílias, mas também impõe um freio à atividade econômica no médio e longo prazo.

Foto: Noel Tavares

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