O Ministério Público estadual promoveu na tarde desta quinta-feira (14) uma audiência pública para discutir propostas para reduzir o tempo de regulação de pacientes que necessitam de avaliação com cirurgião vascular. “Precisamos reduzir esse tempo e cuidarmos das feridas dos diabéticos em estágio inicial para evitarmos uma situação extrema de perda de membros”, alertou o promotor de Justiça Rogério Queiroz, que coordenou a audiência pública. Na ocasião, também foram discutidas propostas para a redução do tempo de realização de procedimentos de revascularização e amputação decorrentes de diagnósticos de ‘pé diabético’. Estiveram presentes a promotora de Justiça Patrícia Medrado, coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Saúde do MP (Cesau), além de profissionais que atuam na área de saúde e representantes das Secretarias Estadual (Sesab) e Municipal de Saúde de Salvador (SMS).
Rogério Queiroz sugeriu também que sejam priorizadas as aberturas das salas para tratamento do pé diabético e feridas complexas no estado para se reduzir o número de amputações decorrentes da falta de controle do diabetes. Um estudo da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, feita com dados do Ministério da Saúde, revelou que um total de 80.124 nordestinos tiveram membros inferiores amputados entre 2012 e 2021. A Bahia lidera o ranking do Nordeste e, somente no estado, foram 21.069 casos, que equivalem a 26% do total realizado na Região Nordeste. Segundo o médico Dejean Sampaio Amorim, que representou o Conselho Regional de Medicina (Cremeb), é necessário se discutir a taxa atual de amputações na Bahia. “Precisamos identificar as causas do aumento da taxa de amputação, se isso ocorreu por conta da pandemia do coronavírus, onde as pessoas deixaram de procurar atendimento médico”. Para Marcos Sampaio, presidente do Conselho Estadual de Saúde (CES), é necessário buscar soluções para que as pessoas não tenham que amputar seus membros. “Quando vemos um paciente chegar na UPA é porque ele não conseguiu na atenção básica o cuidado necessário. Por isso precisamos que a atenção básica funcione efetivamente”, ressaltou.
A audiência pública buscou fomentar políticas públicas de saúde a partir da discussão com representantes de entidades médicas, do Poder Público e da sociedade em geral para identificação de problemas e encaminhamento de proposições resolutivas que contribuam para a redução do tempo de regulação desses pacientes. “Reiteramos a importância da participação de todos para que possamos construir fluxos e estreitarmos os laços de cooperação entre os órgãos da área de saúde”, afirmou a promotora de Justiça Patrícia Medrado. Ainda de acordo com o estudo da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, mais da metade dos casos de amputação envolve pessoas com diabetes. No entanto, a cirurgia para retirada de membro está também associada a outros fatores de risco tais como tabagismo, hipertensão arterial e insuficiência renal crônica.
Na ocasião, o presidente da Associação Baiana de Medicina, César Amorim Pacheco Neves, solicitou aos representantes da Sesab e SMS que divulguem os locais para os quais os cirurgiões vasculares podem encaminhar seus pacientes. “Também é necessário que haja esforços no sentido de aumentar os locais no estado para se fazer angioplastias”. As propostas discutidas na audiência pública serão analisadas pela SMS e Sesab e acompanhadas pelo MP nos autos de inquérito civil instaurado pelo promotor de Justiça Rogério Queiroz.
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