Para conhecer a realidade das famílias venezuelanas, que moram Lauro de Freitas, a grande maioria na região de Areia Branca, a Secretaria de Políticas Afirmativas, Direitos Humanos e Igualdade Racial (Sepadhir), em parceria com a UNIFACS, o Serviço Pastoral dos Imigrantes e o Serviço Jesuíta Migrante Refugiado, ambos da Igreja Católica, está realizando um cadastramento para conhecer de perto a vida econômica e social destes imigrantes, além das principais dificuldades enfrentadas por eles. O cadastro está sendo feito na escola municipal Edivaldo Boaventura, em Areia Branca, até esta quinta-feira (16), das 9h às 14h.
“Acolhidos, incluídos e respeitados”. Desta maneira, o venezuelano Angel Rafael, 44 anos, descreveu o sentimento em relação aos últimos três anos em que vive com sua família em Lauro de Freitas. A história do ex-coordenador de uma empresa de carros fortes em sua terra natal e hoje, em solo baiano, supervisor operacional de uma terceirizada dos Correios, se confunde com a de muitos conterrâneos, que fugiram da crise humanitária intensificada a partir do ano de 2014, em decorrência de instabilidades no setor político e econômico da Venezuela em busca de uma vida melhor no Brasil.
Angel Rafael conta que a vinda para Lauro de Freitas foi a única esperança que sua família continuasse viva. “Na Venezuela meu salário era o equivalente a cinco mil reais e eu não conseguia comprar comida para minhas filhas, o dinheiro não era suficiente nem para alimentação. Nos tempos mais difíceis, antes de sairmos de lá, eu que tinha o peso corporal de 90 quilos estava com apenas 55 quilos”, relatou. Ele e a esposa vieram para o Brasil com empregos assegurados e continuam trabalhando. “Eu fui acolhido pelo povo desta cidade, me sinto em casa”, disse.
Para Beatriz Amundaray, 33 anos, mãe de duas crianças, o desafio é retornar ao mercado de trabalho. Ela conta que veio de carona da Venezuela e logo conseguiu emprego em Lauro de Freitas, no local trabalhou por dois anos e recentemente foi demitida. “Essa iniciativa da Prefeitura e de seus parceiros olharem para nós é muito importante. Nunca vivi ou presenciei nenhum tipo de descriminação por não ser daqui, mas é como se alguém estivesse cuidando de fato de nós”, disse.
O secretário da Sepadhir, Clóvis Santos, conta que a iniciativa pretende conhecer a situação de todos os imigrantes instalados em Lauro de Freitas para, a partir daí, fomentar serviços e políticas com parceiros para atender as necessidades. “O foco é proporcionar a essa parcela da população o devido reconhecimento da dignidade da pessoa humana e assegurar os seus direitos. Nesse sentido, seguiremos trabalhando com o olhar treinado e sensível para melhor atender aos nossos munícipes como um todo”, disse. A expectativa é de que até o final da primeira etapa da ação, cerca de 700 venezuelanos sejam cadastrados.
Foto: Lucas Lins ascom PMLF