A superação de barreiras e as ações para inclusão de pessoas com deficiência em Salvador foram discutidas na roda de conversa “Superando as Barreiras e Garantindo a Inclusão no Mundo do Trabalho e Sociedade”, ocorrida no auditório da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), em São Joaquim. O evento integra a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, que aconteceu de 21 a 28 de agosto em todo o país, e contou com a participação da presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de Salvador (Comped), Silvanete Brandão Figueiredo.
Silvanete, que também preside a Associação Baiana dos Deficientes Físicos (Abadef), defendeu no encontro que a lei de cotas para PCD é a política pública mais importante hoje para este público. “É uma lei traz dignidade, faz com que a pessoa entre no mercado de trabalho e possa virar um cidadão como todos os outros”, declarou.
Ela ressaltou ainda que o evento é importante para discutir a realidade das pessoas com deficiência atualmente. “Quando a gente fala em inclusão, em sociedade, temos que pensar em representatividade, trazendo os exemplos, e essa semana é uma das mais importantes que temos para comemorar. Sendo mulher com deficiência, à frente do Comped e da Abadef, eu posso dizer que hoje a gente começa a dar um passo para ser enxergado como todas as outras pessoas, começamos a ter nosso lugar de fala, tendo nossa representação feita por nós mesmos”, declarou.
O evento também contou com as intervenções de Daiane Pina, representando a Unidade de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência (UPCD), vinculada à Secretaria Municipal de Promoção Social de Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre); e de Ana Cláudia Matos e Vanusa Oliveira, coordenadora administrativa e auxiliar administrativa da Tem Dendê Comunicação, respectivamente.
Inserção no mercado – A coordenadora de Assistência Social da Apae, Jaqueline Braz, lembrou que a mesa tem como objetivo pensar na superação de barreiras para a inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho. “A gente hoje convidou além dos nossos assistidos e familiares, toda a sociedade e representantes de empresas também, para que pudessem ouvir experiências de PCD no mercado de trabalho, tentando mostrar que é urgente, depois de 31 anos da Lei de Cotas, que as empresas assumam uma responsabilidade social no emprego da pessoa com deficiência”.
Jaqueline também reforçou que o diálogo constante é fundamental, e as empresas precisam procurar as instituições que atuam com a inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, para que essa inserção seja feita de maneira responsável. “A intenção é evitar entradas e saídas constantes da PCD do mercado, pois estamos lidando com pessoas que criam expectativas no mundo de trabalho e algumas empresas as veem ainda de forma descartável. A Apae e outras instituições vêm defendendo a necessidade das empresas em promover as articulações, fazendo assim uma inserção de qualidade”.
A jovem Vanusa Oliveira, de 22 anos, é assistida pela Apae e participou da mesa como convidada. Ela, que hoje é auxiliar administrativa de uma empresa de comunicação de Salvador, conta que já passou pela área de serviços gerais antes de chegar ao trabalho atual. “É muito importante essa oportunidade que a empresa me deu, para outras empresas saberem que as pessoas com deficiência intelectual ou múltipla podem e têm capacidade de ser inseridas no mercado de trabalho”.
Segundo ela, a experiência na área tem sido exitosa. “É um grande desenvolvimento para mim como pessoa, mostrando que posso ir além. É uma superação, uma vitória. Enfrentei vários desafios até chegar onde estou hoje e quero levar esse aprendizado, essa vivência para outras pessoas e encorajá-las, mostrando que são capazes”.
Atuação – O Comped de Salvador é um órgão representativo e tem por missão fomentar e acompanhar a execução das políticas públicas voltadas para as pessoas com algum tipo de deficiência, no âmbito municipal, assim como articular as ações com outras esferas do Poder Público, como os governos estadual e federal. Os 18 titulares e 18 suplentes passam a ter atuação nos segmentos das deficiências visual, auditiva, intelectual, física, síndromes e direitos humanos. A sede funciona na Rua Engenheiro Silva Lima, 38, Nazaré.
Fotos: Bruno Concha/Secom