O projeto, pioneiro no país, tem a capacidade de promover até dez atendimentos por dia, das 8h30 às 12h. Desde o lançamento, em julho passado, já passou pelas Prefeituras-Bairro de Itapuã, Subúrbio/Ilhas e também Cajazeiras. No período, foram atendidos quase 99 animais, sendo 67 felinos machos e 32 fêmeas. Todos os animais avaliados tiveram diagnóstico positivo para esporotricose.
“Temos um número importante de casos de esporotricose em Salvador. Essa estratégia permite que o serviço esteja mais próximo onde acontecem os casos. A gente consegue, em um ambiente mais adequado do que dentro da residência, fazer um atendimento e prestar todas as orientações. O perfil do tutor que chega até nós é de alguém responsável, então temos uma segurança maior de que o tratamento será conduzido corretamente e que teremos a cura clínica do animal”, declarou a médica veterinária Samanta Conceição, responsável pelo atendimento na UMZ.
Acesso – O militar Tiago dos Reis ficou sabendo da unidade móvel e levou três gatos com sintomas para avaliação. Os animais, com quatro anos de idade, receberam recomendações e, após o diagnóstico positivo, já vão iniciar o tratamento. “O atendimento foi excelente, bem receptivo, e ter a unidade perto de casa ajuda bastante”.
A dona de casa Edilene Araújo aguardava para examinar seus bichanos. “Há muito tempo que meus gatos vêm apresentando essa doença, e aí liguei para agendar um atendimento. Metade dos que eu tinha não resistiram à doença. Os demais estão apresentando feridas, então trouxe para ver se consigo dar algum jeito nesse problema. Eu já tive esporotricose, me tratei e agora estou cuidando deles”.
O acesso ao serviço acontece exclusivamente através de agendamento prévio. Para conseguir uma avaliação é necessário entrar em contato com o Fala Salvador, pelo número telefônico 156. No local, um médico veterinário vai realizar avaliações clínicas de casos suspeitos com esporotricose, além das consultas de revisão de animais em tratamento. O espaço também coleta material de exame das lesões através de citologia.
Doença – A esporotricose é uma micose conhecida como a “doença do jardineiro”, causada por fungo que pode afetar vários animais, incluindo seres humanos. A transmissão ocorre pelo contato com terra, matéria orgânica e espinhos de plantas contaminadas com o fungo ou através de arranhadura, lambedura ou contato direto com secreção das lesões de animais infectados.
O animal com suspeita do fungo apresenta nódulo ou úlcera na pele ou na mucosa nasal, ou problemas respiratórios (espirros). O agravo tem cura, principalmente, quando diagnosticado no início. As medidas preventivas mais efetivas são a realização do tratamento no início da doença, isolamento dos animais doentes, domiciliação dos animais e castração. Os animais com esporotricose que não estão em isolamento, tendo acesso à rua, contribuem para disseminação da doença, elevando o número de casos em humanos e animais.
O ser humano se infecta também pela mesma via que os animais, em contato com o solo ou em atividades de jardinagem. Mas recentemente, a maior forma de infecção tem sido através da arranhadura, mordedura ou ainda, pelo contato com secreção das lesões de animais doentes.
Dados – No ano de 2021 foram notificados 1.223 casos suspeitos de esporotricose em Salvador. Desse total, 1.090 animais receberam tratamento, sendo 654 deles pelo CCZ. Já em 2022, até este mês de agosto, o CCZ recebeu 945 solicitações de animais suspeitos referentes à esporotricose através do Fala Salvador, com 554 atendimentos realizados.
Foto: Bruno Concha/Secom