Projetos municipais beneficiam afroempreendedores em Salvador

Durante este mês, em que se celebra o Dia da Consciência Negra (20 de novembro), a Prefeitura reforça a importância de projetos criados especialmente para o fomento do empreendedorismo junto à comunidade negra de Salvador. O AfroBiz e o AfroEstima, que fazem parte do Plano para o Desenvolvimento do Turismo Étnico-Afro, têm como objetivo fortalecer o poder de articulação dos afroempreendedores da capital baiana, impulsionando o surgimento de novas oportunidades e negócios.

Desenvolvido pelas secretarias de Cultura e Turismo (Secult) e da Reparação (Semur), os projetos darão todo o suporte necessário a este público, elevando-os a um patamar de operação e negociação menos informal do que a maioria está neste momento. “Salvador, mais uma vez, inova na reparação, porque estes projetos valorizam o nosso maior patrimônio, o empreendedorismo do povo negro. Hoje fazemos o chamamento, principalmente da juventude negra, para participar desse avanço, para concorrer com o turismo internacional. É crucial dar espaço e visibilidade aos empreendedores negros, mas o mais importante ainda é instrumentalizá-los para o trabalho. Desta forma estaremos potencializando, de verdade, o afronegócio na nossa cidade”, ressalta a secretária da Reparação, Ivete Alves do Sacramento.

Produtos e serviços – O AfroBiz é uma plataforma on-line e interativa para divulgação de produtos e serviços de afroempreendedores do turismo da cidade. O projeto abrange, ainda, a realização de rodadas de negócios que visam conectar todo o conteúdo cadastrado a compradores nacionais e internacionais. Com isso, a ideia é aumentar a visibilidade dos negócios do segmento afro, facilitando vínculo tanto aos consumidores quanto com possíveis fornecedores e investidores, além de dar mais oportunidades de vendas para os envolvidos. A estimativa é cadastrar, pelo menos, 2,5 mil atores envolvidos com o turismo étnico-afro.

Já o projeto AfroEstima é uma iniciativa educacional gratuita que é desenvolvida de forma híbrida (on-line e presencial), através da oferta de cursos e de mentoria, com conteúdo digital e físico, organizado por trilhas de aprendizagem – isto é, capacitações agrupadas em módulos estratégicos, de conteúdos variados e que dialogam entre si. Envolve, por exemplo, a realização de cursos de Marketing Digital, Gestão de Negócios e Liderança com foco na juventude negra, passando por módulos chamados de sociais, como “História, cultura afro-brasileira e da diáspora” e “Desenvolvimento Pessoal e Social”, dentre outros.

“O Afrobiz e o AfroEstima vieram para beneficiar empreendedores do afroturismo da cidade, qualificando o atendimento e a oferta de produtos e serviços, não só ao turista, mas ao público local, nacional e internacional,” reforçou a secretária da Secult, Andrea Mendonça.

Crescimento profissional – O designer gráfico Anderson Tribal é um dos afroempreendedores que já fazem parte da iniciativa e foi o comunicador visual responsável pela interface do AfroBiz. “Este foi um case que me fez ver a potencialidade do negócio e me fez entrar na plataforma. Eu fiz muito networking nas rodadas de negócio, me tornei um consumidor dos produtos e fechei clientes também. Eu já atendo alguns clientes pontuais e fui procurado por outras pessoas, mas muita gente que trabalha fornecendo produtos e outros serviços mais comuns já fecharam muitos negócios através da ferramenta”.

Trancista há seis anos, a empreendedora Denise Mello, de 30 anos, conta que já conhecia a arte, passada de geração em geração pela família, mas que só depois dos 20 anos decidiu empreender e ser empresária do ramo. “Eu vi que poderia ter uma renda a partir do que eu amava, que é a trança, que vem dos meus ancestrais, da minha família. A partir dos meus atendimentos, muitas pessoas perguntavam como eu tinha aprendido e se eu tinha feito algum curso, e isso me despertou a vontade de ministrar cursos e ajudar outras mulheres a empreenderem”.

Hoje, Denise forma 20 mulheres por mês. “Conheci o AfroBiz nas redes sociais, e achei um programa muito interessante, que ajuda a mostrar o nosso trabalho e conseguir mais clientes, no meu caso alunos. Isso fez com que aumentasse em aproximadamente 30% a procura pelos meus cursos depois que entrei na plataforma. Para as outras mulheres, eu digo para se valorizarem, se autoconhecerem, para enxergarem o poder que têm em mãos, podendo se tornarem empreendedoras seja na área que quiserem, e se cadastrarem em plataformas como o AfroBiz, que têm ajudado tanta gente”.

Inscrições – As inscrições para quem deseja participar dos projetos podem ser feitas nos sites www. afrobizsalvador. com. br e www. afroestimasalvador. com. br, de modo gratuito.  No caso do Afrobiz, os inscritos serão mapeados e cadastrados conforme o segmento de atuação. O contato também pode ser realizado pelo WhatsApp (71) 99405-9194.

São aptos a participar afroempreendedores residentes de Salvador que trabalham como baianas, turbanteiras, trançadeiras, capoeiristas, artistas, designers e artesãos, griôs, em blocos afro e afoxés, terreiros, feirantes e ambulantes, produtores culturais, guias de turismo e em meios de hospedagem e agências, dentre todos os outros atores que fortalecem o turismo étnico-afro da capital. Já as localidades de atuação das capacitações que serão ofertadas por meio do AfroEstima contemplam regiões do Centro Antigo, Rio Vermelho, Itapuã/Orla Norte e ilhas de Maré, Bom Jesus dos Passos e Frades.

Secom/Salvador

Foto: Taiane Barros

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