Em apenas três dias oficiais de folia, as 11 centrais de apoio a catadores coletaram 58 toneladas de materiais recicláveis, nos circuitos do Carnaval. A expectativa é de que seja ultrapassada a estimativa inicial de 90 toneladas de resíduos coletados até o último dia de festa.
Uma equipe da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) visitou as centrais neste sábado (18) para fiscalizar e acompanhar o trabalho das cooperativas parceiras do projeto Eco Folia Solidária – o trabalho decente preserva o meio ambiente. A iniciativa do Governo do Estado, por meio da Setre com apoio da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), contou com investimento de R$ 1,3 milhão.
O coodenador da Cooperativa Ecológica do Paraguary (Cooperguary), Genivaldo Ribeiro, conhecido como Tico, está desde quinta-feira na central, que funciona 24 horas. Ao chegar ao local, o catador entrega o material para pesagem e recebe o pagamento de imediato: R$ 5 por quilo para as latinhas. A Cooperguary reúne o maior número de catadores cadastrados: 1.000 no total.
Representante da Recicla Conquista, Celisângela Ferreira, ressaltou a importância do projeto para evitar a ação de atravessadores. “O Carnaval é o oportunidade da gente ganhar uma graninha. Um para complementar renda, outros por necessidade. Essa ação evita os atravessadores e garante um preço justo pelo material”.
Para a catadora Doraci Ramos, o projeto contribui também para a valorização dos catadores. “Nós estamos fardados, devidamente identificados e cadastrados. Evita que as pessoas nos maltratem. A polícia nos respeita, somos reconhecidos”, disse. Os 1.840 catadores cadastrados pelas cooperativas recebem fardamento e equipamentos de proteção individual (EPI) como botas, luvas e protetores auriculares.
Moda
Na central coordenada pela Recicla Salvador/Recicla Bahia, o artesão Joel Souza expõe vestidos e bijuterias feitas com tampas de latinhas. Há 23 anos, ele começou a fazer as primeiras peças e colocou na porta da casa dele. O sucesso foi imediato e logo foi convidado para fazer o figurino de uma apresentação da Orquestra Afro-Baiana. Três anos depois fez um figurino para a cantora Mariene de Castro.
“Já tive quatro vezes nos Estados Unidos por causa desse trabalho com reciclagem. Fiz figurino para personagens da novela Segundo Sol, participei do reality show mais visto do mundo e hoje acabei de vender um vestido para São Paulo por 2.500 reais”, disse. O ex-pedreiro lembra de que foi chamado de louco e mendigo pelos filhos e pela esposa, quando decidiu deixar a antiga profissão para catar latinhas. “Hoje eles me apoiam ao ver o reconhecimento do meu trabalho”.
Secom/GovBa
Foto: divulgação/Setre