A dona de casa Cristiane Pereira, 42, se assustou quando o marido, Aécio Almeida, 39, mal conseguia mexer as pernas. “Ele sempre teve dor de coluna. Tomava remédio, mas, de repente, se transformou numa dor que não passava até que teve paralisia nas pernas”.
Após uma cirurgia de coluna, Aécio ficou internado por 30 dias na Clínica Florence para reabilitação com fisioterapia. Lá, Cristiane pôde também aprender a como ajudar o marido a continuar a assistência em casa. Ela é um dos inúmeros familiares e cuidadores que têm sido capacitados em Salvador para poder cuidar de seus entes no retorno ao lar, após um evento agudo, como um Acidente Vascular Cerebral (AVC), fratura de fêmur, cirurgia de grande porte ou depois de passarem longos períodos em UTI.
“Aprendi de tudo um pouco, a acompanhar os banhos, cuidados na cama, práticas de sentar. Foi muito importante para poder continuar a recuperação dele em casa. Já tinham nos avisado que não seria algo muito rápido. Hoje, ele está muito melhor. Passou pelo processo de cadeira de rodas, depois andador e agora está com muletas. Está evoluindo muito bem graças a Deus.”, conta Cristiane.
Na Clínica Florence, primeiro hospital de transição do Norte/Nordeste que adota essa estratégia como parte do cuidado, a capacitação visa diminuir as chances de reinternação e permitir que a assistência possa ser continuada, dando maior conforto na recuperação.
Muitos familiares se sentem despreparados para lidar com a nova realidade: os desafios que surgem com as sequelas da patologia, que podem trazer alterações físicas e cognitivas. É nesse momento que a capacitação familiar se torna ainda mais importante, auxiliando na reabilitação para uma melhor qualidade de vida do paciente.
Durante o período de internamento na unidade, há um foco na redução de complexidade do cuidado dispensado ao paciente, além do treinamento de familiares e cuidadores. Essa capacitação ajuda, inclusive, a evitar a ocorrência de novas internações.
“A família desempenha um papel muito importante. Geralmente, são eles que irão oferecer suporte emocional, prático e financeiro durante todo o processo de recuperação e envolvê-la no cuidado é fundamental”, destaca a coordenadora de reabilitação da Florence, a fisioterapeuta Flaviane Ribeiro.
Antes mesmo da alta hospitalar, conta Ribeiro, a família de um paciente que passou por um longo período de internação precisa se conscientizar de que ela faz parte do tratamento. Isso já começa ao longo da internação, acompanhando o plano terapêutico e os cuidados diários, quando deve ocorrer a capacitação de familiares e/ou cuidadores com o intuito de propiciar uma transição para o domicílio sem ruptura.
A parceria com a família é importante também para a realização da avaliação do domicílio e acessibilidade, quando são passadas orientações e é recomendado o planejamento antecipado de possíveis mudanças necessárias na casa para receber de volta aquele paciente após a alta hospitalar”, destaca a fisioterapeuta.
Adaptação – Um dos aspectos mais importantes da capacitação familiar é a compreensão das necessidades específicas do paciente. “Isso inclui aprender sobre as limitações físicas e cognitivas, como dificuldades de mobilidade, fala e memória. Ao entender essas necessidades, a família pode adaptar o ambiente doméstico para torná-lo mais seguro e acessível, reduzindo o risco de quedas e outros acidentes”, acrescenta.
A reabilitação pós-UTI envolve uma série de terapias, como fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. Quando a família está capacitada, ela pode contribuir significativamente para esse processo, ajudando o paciente a realizar exercícios em casa e a seguir as recomendações dos profissionais de saúde.
“É importante que o familiar saiba como realizar uma transferência, uma troca de fralda, a instalação de uma dieta para o paciente que precise de uma via alternativa que não seja a via oral, como realizar uma troca de curativo, caso não esteja dedicada uma equipe de enfermagem. Além de auxiliar na realização de exercícios de fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia após a alta hospitalar”, completa Ribeiro.
Na Clínica Florence, o familiar ou cuidador passa por uma série de orientações e treinamentos e, ao final do processo, ainda recebe um certificado atestando que foi treinado. As capacitações são realizadas de acordo com a necessidade de cada indivíduo e dentro do contexto de transição, buscando sempre assistência contínua e eficaz no manejo do domicílio.
Foto: divulgação/clínica Florence