Com vocação agrícola desde pequena, a agricultora Maria Lúcia Firmo de Oliveira, residente de Camaçari não mede esforços para aprimorar o trabalho desenvolvido desde a sua infância na roça, manter a sua subsistência e além disso, poder contribuir com o fomento da cadeia produtiva e a valorização da culinária local, com a inserção das plantas tradicionais no contexto gastronômico cultural.
Participante e envolvida com os programas e benefícios ofertados pela Prefeitura de Camaçari, por meio da Secretaria do Desenvolvimento da Agricultura e Pesca (Sedap), dona Lúcia atua em diversos segmentos. Há seis anos, a produtora rural participa da Feirinha da Agricultura Familiar que acontece no estacionamento da Prefeitura de Camaçari, todas as quintas-feiras pela manhã. Agora, já certificada pela gestão municipal e associada ao grupo dos orgânicos, com oferta de produtos livres de agrotóxicos e de qualquer intervenção química, a agricultora passou a participar também da Feira Orgânica do Polo Verde, que acontece na Praça João Ramos Corôa, mas conhecida como Praça dos 46, todas as quartas-feiras pela tarde.
A vida de Maria Lúcia não foi fácil. Nascida em Teofilândia, mudou para Araci aos seis anos de idade. Filha de pais agricultores, acompanhava desde pequena os trabalhos realizados na roça. Sempre sonhou em morar em um lugar que tivesse água. “Lá em Araci era muito seco e ficávamos cerca de dois anos sem água e sem chuva”, lamentou. Diante desta dificuldade de manter o trabalho familiar e em busca de um lugar mais úmido que propiciasse o plantio e o cultivo dos produtos agrícolas, dona Lúcia se mudou para Camaçari em 2008 e na comunidade de Pinhão Manso, na sede do município, se instalou.
Deste trabalho, a agricultora conta que criou os filhos e hoje cria os netos. “Depois que peguei esse sítio, minha vida virou mil maravilhas, daqui eu cultivo, tiro meu sustento para mim e para meus filhos, e ainda consigo fazer umas doações”, contou esbanjando felicidade por lembrar o quanto que percorreu para chegar no patamar que está atualmente.
Além do cultivo de raízes, frutas, flores, sementes, dona Lúcia cultiva as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), que são plantas com potencial alimentício. “Hoje sou muito realizada, muito feliz, por estar em um lugar desse, com tudo o que eu tenho e com o que eu gosto de fazer, que é trabalhar, plantar, cultivar, colher e me alimentar com os produtos da minha horta”, disse.
A produtora rural não pensa em parar e, com perspectiva de crescimento profissional, participará do 4º Encontro Nacional de Hortaliças Não Convencional (HortPANC), que será realizado nos dias 10 e 11 de novembro de 2021, através de uma ação conjunta entre a Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Rede PANC Bahia. O evento reunirá pesquisadores, professores e representantes de instituições públicas de políticas rurais. Para a lavradora, esta será mais uma oportunidade de participar de mesas-redondas, debates e palestras voltados para aspectos da produção de hortaliças tradicionais.
Para consolidar sua participação no evento, dona Lúcia recebeu, na manhã desta quinta-feira (4/11), uma visita de campo. Trata-se de uma atividade central no evento, com proposta de verificar in loco o manuseio adequado do plantio e cultivo dos produtos, a fim de obter uma maior qualidade orgânica. A visita contou com as presenças de Uerisleda Alencar Moreira, da comissão de organização do evento e professora de Gastronomia; Geraldo Aquino, professor da UFBA; Nuno Madeira, pesquisador da Empresa Brasileira e Pesquisa Agropecuária (Embrapa); e Nínive Dalila, estudante de gastronomia da UFBA.
Foto: Tiago Pacheco