Mulheres deixam de fazer exame de mamografia por medo da pandemia

Pesquisa da Dasa aponta que as mulheres vêm deixando de fazer exames para o diagnóstico precoce do câncer de mama

Duas datas do calendário de saúde marcam a importância do combate ao câncer: Dia Mundial do Câncer, no próximo dia 4 de fevereiro, e Dia Nacional da Mamografia, 5 de fevereiro. Para trazer visibilidade sobre a relevância do autocuidado, a Dasa, a maior rede de saúde integrada do país, fez uma pesquisa para apurar se as mulheres vêm conseguindo manter em dia os exames de rotina, como uma forma de identificar o câncer de mama, o mais prevalente entre elas. O estudo revelou que, nos últimos anos, as mulheres não estão em dia com seus exames de rotina para o diagnóstico precoce da doença.

Os dados apontam que apenas no Estado da Bahia, por exemplo, 86% das mulheres em idade elegível para o rastreio não realizaram em 2021 o exame de mamografia, o mais comum para a detecção da doença. O levantamento, feito pela área de Data Analytics da rede, aponta os percentuais da população do Estado da Bahia – com idade e/ou indicação clínica definidas pelas sociedades médicas – que estão em gap de cuidados, ou seja, aqueles que não estão em dia com os testes no último ano nas unidades Dasa.

A taxa no Estado da Bahia é preocupante, mas infelizmente é apenas mais uma região com número alarmante. Em Niterói (RJ), por exemplo, a taxa chega a 92% e, em São Paulo, 89% das mulheres deixaram de realizar o exame ano passado.

Essa redução drástica da procura pelo exame de mamografia vem aumentando nos anos da pandemia. Na Bahia, em 2019 eram 78% de mulheres sem realizar o exame, em 2020 o percentual subiu para 86%, índice que permaneceu em 2021. Em São Paulo, 80% das mulheres não realizaram o exame em 2019, percentual que subiu para 88% em 2020, e foi para 89% em 2021. No Rio de Janeiro, antes da pandemia, em 2019, 85% mulheres elegíveis deixaram de realizar o exame. Em 2020, esse número chegou a 90% e em 2021 manteve o patamar.

Apesar do medo de contaminação pela Covid-19, o impacto desse intervalo é grande e pode trazer riscos para a saúde das mulheres. A flexibilização do isolamento social traz agora a oportunidade de se retomar o autocuidado e colocar a saúde como prioridade, de forma integral. “Por isso, é muito importante manter os exames em dia”, diz a Dra. Fernanda Philadelpho, médica especialista em radiologia mamária da Dasa.

A descoberta do câncer de mama ainda em estágio inicial é o principal fator para o desfecho clínico positivo. Se diagnosticado de forma precoce, as chances de cura podem chegar a 95%. No entanto, por conta da pandemia, mais de 3 milhões exames voltados para a detecção do câncer de mama deixaram de ser realizados nos últimos 12 meses na rede Dasa.

A Dra. Fernanda Philadelpho preparou uma lista com os quatro exames mais eficazes para rastrear e diagnosticar o câncer de mama de acordo com as particularidades de cada caso.

Mamografia

É o exame mais indicado para rastrear tumores nas mamas. O equipamento utiliza raios-x e faz a compressão das mamas para obter as imagens. Mulheres a partir de 40 anos precisam fazer a mamografia uma vez por ano. No entanto, há casos que, mesmo antes dos 40, a mamografia já é necessária na rotina de exames.

“Quem tem histórico familiar de câncer de mama precisa ficar mais atento, já que os estudos mostram que pode haver uma probabilidade maior de desenvolver a doença”, lembra Dra. Philadelpho. “Nesse caso, dependendo do grau de parentesco com a familiar que teve o câncer, o médico pode solicitar a mamografia antes da idade recomendada”, destaca a especialista.

Tomossíntese

Uma outra forma para detectar um possível câncer de mama é a tomossíntese – ou a chamada mamografia 3D. O exame funciona de modo parecido com a mamografia, mas obtém imagens das mamas em cortes. Isso permite que o médico consiga visualizar com mais clareza alterações sutis, antes imperceptíveis na mamografia, sobretudo pela alta densidade da glândula mamária.

Ultrassonografia
Indicada de rotina para pacientes que tenham mamas densas – quando há maior incidência da glândula mamária – a ultrassonografia também pode ajudar no diagnóstico do câncer de mama. O exame utiliza um equipamento que emite som em alta frequência que, quando colocado sobre a pele, reproduz em uma tela a imagem em tempo real do interior da mama. Nesse tipo de exame, o médico consegue identificar alterações como cistos e nódulos, além de seus respectivos tamanhos e formas.

Ressonância Magnética

A ressonância magnética é outro exame de imagem que pode ser solicitado pelo médico para o rastreio do câncer de mama. Nela, a paciente se deita de bruços com as mamas em um suporte e é encaminhada para dentro de um tubo. Em seu interior estão imãs que criam um campo magnético ao redor da pessoa e, por meio de pulsos de radiofrequência, interage com os tecidos para criar a imagem. O processo é indolor e tem duração entre 20 e 30 minutos. O rastreio é indicado apenas para pacientes com alto risco para desenvolvimento do câncer de mama, seja pelo histórico familiar, mutações genéticas etc. Nos casos em que já há o diagnóstico de câncer, a ressonância é fundamental na avaliação da extensão da lesão encontrada.

Foto: divulgação

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