A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), através do Programa Municipal de Controle ao Tabagismo (PMCT) promoveu, nesta quinta-feira (26), um encontro com pessoas que estão na luta para deixar o cigarro. A iniciativa, que aconteceu na sede da ONG Avançar, no Bairro da Paz, faz parte de uma ação de conscientização dos riscos do tabagismo, em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado no domingo (29).
Segundo a psicóloga e coordenadora do PMCT, Rosane Jessouron, o programa faz com que as pessoas aprendam novos hábitos e deixem o vício. Inicialmente, são quatro sessões por mês. Depois o paciente é acompanhado por um ano, na fase de prevenção de recaída, durante sessões mensais.
A média de idade das pessoas que participam do programa está entre 40 e 60 anos, faixa em que o fumante sente mais os efeitos nocivos do cigarro. “Em razão da pandemia, estamos com número reduzido, mas já chegamos a colocar 30 pessoas em sala”, disse Jessouron. Na ONG do Bairro da Paz, o atendimento conta hoje com seis pacientes.
Segundo a psicóloga, é reconfortante encontrar pacientes anos depois e descobrir que eles conseguiram parar de fumar com a sua ajuda. “A gente se sente muito bem ao ver o resultado”, revelou.
O publicitário Tássio Couto tem 39 anos e fuma desde os 18 anos. Ele foi um dos pacientes que participaram do encontro nesta manhã. Há seis meses tentando parar, vem frequentando as reuniões há duas semanas. “O que me trouxe aqui foi a necessidade. Passei um período complicado de saúde. Na pandemia repensei a vida e os hábitos e descobri um novo Tássio”, contou.
A dona de casa Albina de Jesus tem 47 anos e fuma há mais de 20. Val, como é mais conhecida, conta como decidiu buscar ajuda: “Eu só procurei porque fiz uma tomografia de pulmão e constatei um problema de saúde”.
Ela diz que quer se tornar um exemplo para os netos, já que tem um filho que fuma também. “Eu não quero que os dois cresçam vendo a avó fumar, porque eu não vou saber responder o porquê do vício. Deixar de fumar não é fácil, mas eu vou conseguir”, afirmou.
De acordo com o estudo Vigitel 2019 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, Salvador é uma das seis cidades com menor índice de fumantes com idade a partir de 18 anos, representando 5,4% da população. No Brasil, esse número é de 9,8%.
Agosto Branco – Durante todo o mês de agosto, a SMS também promoveu ações para alertar sobre o câncer de pulmão, responsável por elevado número de mortes e que tem no hábito de fumar o principal fator de risco.O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 30.200 novos casos para este ano no Brasil, sendo 17.760 em homens e 12.440 em mulheres. Do total de ocorrências, 85% têm relação com o tabagismo e a exposição passiva, sendo o cigarro o causador de nove em cada dez casos de câncer de pulmão, em homens, e cerca de oito em cada dez casos, em mulheres.
Como aderir – Em Salvador, quem precisa de ajuda para abandonar o cigarro pode contar com o Programa Municipal de Controle do Tabagismo (PMCT), que é desenvolvido em 47 unidades da rede municipal de saúde.
Para realizar o tratamento gratuito, o interessado deve comparecer a um dos postos de referência da estratégia, munido com o cartão SUS de Salvador e documento oficial de identificação com foto, para realização da inscrição. Na oportunidade, o paciente passará por uma entrevista, para avaliar o grau de dependência.
O próximo passo é a participação na reunião em grupo, com os demais participantes do programa. Os pacientes precisam ser maiores de 18 anos. A lista completa de postos integrantes do PMCT está disponível no site www. saude. salvador. ba. gov. br .
O acompanhamento é feito por uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, psicólogos, dentistas, enfermeiros e assistentes sociais, dentre outros especialistas. O fumante participa de quatro a cinco encontros, sendo um por semana, onde é estimulado a parar de fumar, seja de forma imediata ou gradativa.
Além disso, são entregues aos participantes cartilhas informativas, explicando o motivo da dependência e de como parar com o vício. Para os pacientes com o grau de dependência elevado, é indicado o uso de medicamentos, oferecidos gratuitamente pelo SUS.
Fotos: Jefferson Peixoto/Secom