Sistema enfrenta aumento de 121,69% no preço do diesel e redução de passageiros; Prefeitura investiu quase R$ 400 milhões nos últimos dois anos
A tarifa do transporte público coletivo por ônibus de Salvador será reajustada a partir deste sábado (4). Em virtude, sobretudo, da escalada do preço do óleo diesel nos últimos dois anos e pela perda de passageiros, a passagem passará a custar R$ 4,90 na capital baiana, reajuste menor do que a inflação dos últimos 12 meses. Diante deste cenário, a Prefeitura da capital baiana investiu quase R$ 400 milhões nos últimos dois anos para garantir a prestação do serviço para a população.
Um dos problemas que levaram ao aumento do custo do sistema foi a escalada do preço do diesel, principal insumo do transporte coletivo. Em decorrência da política nacional de combustíveis, que faz a paridade do preço interno ao externo e, mais recentemente, da invasão da Ucrânia, que fez o petróleo disparar no mercado internacional, o preço do óleo diesel vendido na Bahia subiu 121,69% em dois anos.
O preço-médio do diesel vendido no Brasil saltou de R$ 3,37 em abril de 2020 para R$ 7,66 no mesmo mês deste ano. Como efeito disso, o peso do combustível sobre o custo total do transporte público em Salvador também saltou no período. Antes, o diesel correspondia a 18,56% do custo total para as empresas; agora, chega a 28,53%. Isso representa um aumento de 54% na despesa do sistema com o combustível.
Outro fator foi a perda de passageiros do transporte coletivo de Salvador. Se comparado com o período pré-pandemia, em 2019, o sistema perdeu mais de um quarto dos seus usuários. São 5,57 milhões de pessoas a menos por ano, uma redução de 27,84% do público. Para o sistema, isso significou uma queda de arrecadação da ordem de R$ 24,5 milhões a cada mês. Ainda há o ponto da data-base do reajuste dos salários dos rodoviários, que é em maio. A aplicação da inflação acumulada no período, de 12,13% segundo o IPCA, acarretará em um aumento de custos com pessoal de R$ 4,1 milhões por mês.
Ainda na questão financeira, o prefeito Bruno Reis ressaltou o desequilíbrio na integração com o metrô, que fica com 61% do valor da tarifa, enquanto os ônibus recebem 39%. Ele explicou que 95% dos usuários do metrô chegam ao sistema a partir dos ônibus. Segundo ele, a divisão é injusta. “O metrô tem isenção de todos os impostos municipais e estaduais, não tem cobrador, não tem motorista, não tem pneu, não tem combustível. Portanto, a operação é muito mais barata, e fica com 61% da tarifa. Isso contribuiu muito para o desequilíbrio do sistema”, salientou.
Bruno Reis disse também que o diesel da Bahia é o mais caro do Brasil. O estado registrou o maior aumento do país no preço do combustível em maio no comparativo com o mês de abril, segundo o último levantamento do Índice de Preços Ticket Log (IPTL). Ele pontuou que, pelo contrato de concessão, a tarifa deveria ser de R$ 5,30. Contudo, o prefeito ressaltou que a prefeitura vai assumir a diferença de R$ 0,40 para que a tarifa fique em R$ 4,90.
Foto: Noel Tavares